domingo, 10 de abril de 2011


Uma manchete de jornal que é uma arte

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Fui honrado com um interessante artigo assinado pelo escritor e jornalista Cícero Belmar no site Interpóetica, o maior e melhor espaço sobre poesia do Brasil.
Além de palavras carinhosas sobre meus contos fala muito de minha luta para divulgar e vender meus livros pela internet. Talvez por isso uma aula de como enfrentar grandes editoras e livrarias.
O artigo chamar-se Editoras, pra que te quero? E faço questão de divulgar aqui o link onde você poderá saber mais.
http://www.interpoetica.com/site/index.php?/Cícero-Belmar/Editoras-pra-que-te-quero.html

sábado, 19 de junho de 2010

Você ler uma notícia. Analisa os adjetivos usados. Procura ver nas entrelinhas todo ódio. Em seguida você questiona quem é o autor e quais são os interesses que estão por trás desta nota. Leia por favor, e veja quantas inverdades você encontra.

Vaticano chama Saramago de "populista extremista" e "ideólogo anti-religioso"

Com o título "O grande (suposto) poder do narrador", o órgão oficial do Vaticano critica com virulência o Prêmio Nobel de Literatura, que era marxista e ateu.

O "L'Osservatore Romano" o definiu como "um ideólogo anti-religioso, um homem e um intelectual que não admitia metafísica alguma, aprisionado até o fim em sua confiança profunda no materialismo histórico, o marxismo".

O jornal considera ainda que o escritor "colocou-se com lucidez ao lado das ervas daninhas no trigal do Evangelho".

"Ele dizia que perdia o sono só de pensar nas Cruzadas ou na Inquisição, esquecendo-se dos gulags, das perseguições, dos genocídios e dos samizdat (relatos de dissidentes da época soviética) culturais e religiosos", indica ainda o jornal do Vaticano em seu editorial.

No editorial divulgado com antecedência, considera Saramago "um populista extremista", que se referia "de forma muito cômoda" a "um Deus no qual jamais acreditou por se considerar todo-poderoso e onisciente".

Saramago provocou a ira do Vaticano e da Igreja Católica com sua obra "O Evangelho segundo Jesus Cristo" (1992) no qual considerava que Jesus perdeu a sua virgindade com Maria Madalena.

Ele suscitou novamente a cólera dos católicos em 2009 com "Caim", onde a personificação bíblica do mal, assassino de seu irmão Abel, é descrito como um ser humano nem melhor nem pior do que os outros, enquanto Deus é apresentado como injusto e invejoso.

Durante a apresentação desse livro, Saramago havia alimentado a polêmica, classificando a bíblia de "manual de maus costumes".

Concluindo. Os caras se autodenominam representantes de Deus na Terra e ainda se dão o direito de descarregar todo ódio cristão contra um homem que apenas escrevia suas idéias livremente. O engraçado é que nesta notícia não há nenhuma inverdade. Não são acusações, mas verdadeiros elogios. Por sinal, não me consta que Saramago era pedófilo. Graças a Deus.

sexta-feira, 18 de junho de 2010


Saramago barrado no concurso literário

Acabo de saber que morreu o escritor José Saramago. Como não acreditava em deus nem foi para o céu, sua alma vai ficar presa em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, para sempre.
Mal leio a notícia da transformação do mestre recebo um e-mail com o regulamento do Sexto Prêmio Maximiano Campos de Literatura. Saramago ganhou o Nobel mais estaria impedido de participar deste concurso.
Além de ser estrangeiro, não naturalizado, o português não tinha “escolaridade média concluída”. Só estudou até a quarta série primária. Era um autodidata e antes de se dedicar à literatura foi serralheiro, na oficina do pai, depois mecânico, desenhista industrial e gerente de produção numa editora. Sem ter concluído o ensino médio, nem Saramago e nem Patativa do Assaré poderiam participar desse concurso.
José Saramago publicou mais de 20 romances, poesias, criticas e crônicas. Tava fora do concurso, pois só podem participar do prêmio quem publicou até dois livros. Por que até dois livros? Eu publiquei seis pequenos livros de contos. Também to fora.
Sempre que leio os regulamentos dos concursos literários me espanto com esses critérios. O Concurso Luís Jardim de Contos é um exemplo. Promovido pela Biblioteca Pública de Casa Amarela exige idade mínima de 18 anos. Deixa de fora mais de 50 mil estudantes das escolas daquele bairro e que usam aquela biblioteca.
Leio a notícia da morte de Saramago. Ao meu lado a poeta Sachiko Shinozaki, japonesa nascida em Nagasaki. Tem 50 anos vivendo no Brasil. Não é naturalizada. Também tá fora desses concursos literários.
José Saramago faleceu de forma serena e tranquila. Se concorresse nesses concursos não seria premiado.

Fernando Farias

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Aviso aos náufragos


Escrito por Fernando Farias

Os tubarões já sabiam e se aproximaram, e ficaram esperando.

Engenheiros brincam de castelos na areia, na praia cheia de turistas brancos assando no sol. Continuaram as obras de contenção do mar.

Os ratos fugiram dos esgotos, os coqueiros caíram e quando a lua surgia a água escorria nas bacias sanitárias.

O mar avançava em centímetros e todos brincando nos carnavais, construindo espigões à beira mar na bela Zona Sul. Nas torres gêmeas moravam o prefeito e o senador.

Calor anormal no campo de futebol com cheiro de algas marinhas. Maresia com degelo e cerveja sem ozônio. Salina nas camas dos motéis.

E chegaram os sinais. A lâmina de água cobriu o Marco Zero fazendo pequenas ondas nos postes da luz. Foi o mar retornando às águas do Capibaribe. Os caranguejos invadiram os elevadores e os quartéis.

Alguém percebeu e achou que era coisa lá do Pólo Sul. Culpou o governo pelo lixo nos canais e pelos cardumes nas calçadas.

Mudou a paisagem quando o mar cobriu as pontes, arrastando os gatos. Carros substituídos por jangadas, cinema com bóias salva vidas. Não havia mais engarrafamentos nem sombra de árvores.

E veio a primeira onda. A segunda e a terceira cheia. Corroendo alicerces, derrubando edifícios, lavando as favelas. Meninos estudando com os pés molhados. Velhos tomando sopa na chuva. Filas nos cursos de natação, que entraram na moda. Alagamentos no morro, na festa da santa padroeira.
Só quando os tubarões começaram a dobrar esquinas e os quintais alguém sentiu que estava sem a perna esquerda e que ficava difícil respirar mesmo dormindo no décimo andar.

Começaram a nadar para o oeste, levando as fotografias, caixas de livros e roupas encardidas. Subiram as serras evitando ser atropelados pelos navios e vendo as gaivotas sobrevoando as cidades do Sertão.

Do Recife nada mais ficará do que pára-raios enferrujados e um sofá vermelho boiando. Restarão os saudosistas insistentes, sempre fugindo dos tubarões e lembrado dos antigos carnavais.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

JORNAL RASCUNHO

Sou um menino besta, eu sei. Vaidoso, orgulhoso e muitofeliz.
Pensei que já estava muito frio para a vaidade. Mas a publicação do meu conto Alexandria no Jornal Rascunho, o maior jornal de literatura do Brasil, editado em Curitiba pelo Rogério Pereira, me deixou tão abestalhado que coloquei numa modura e na parede de minha sala. O conto já tinha sido antes publicado na Revista Pernambuco, aprovado com honras pelo editor Raimundo Carrero. Agora no Rascunho, ao lado de grandes nomes da literatura nacional, sou o um escritor feliz. Muito Feliz.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sobre o autor desconhecido


Fernando Farias

Nada pior do que dizer uma frase, um poema ou um conto e não lembrar o nome do autor. A gente se sente usurpando a idéia e ou se passando como ladrão da frase dos outros. Eu mesmo já recebi um e-mail com um dos meus textos atuais atribuído a um autor desconhecido.
Passei anos contando a amigos um conto que li na minha infância sobre a trama de três pobres pintores que ficam ricos vendendo quadros de um famoso artista que faleceu drasticamente. Só que o falecido era um deles e estava bem vivo produzindo e vendendo. A história é justamente sobre a fama e o sucesso que só chegam ao artista depois de sua morte. Sempre atribuí essa história ao Guy Maupassant. Acho agora o mesmo conto em uma coletânea e descubro que o verdadeiro autor é o Mark Twain, um escritor que adoro e morro de medo de pronunciar seu nome em público.
Mas tudo que escrevi acima é apenas uma introdução, ou o passar da manteiga, para citar o melhor mini conto que já li. Faz uns cinco anos que li no site de Literatura mineiro, mas esqueci o nome do autor. Estava em um disquete que perdi.
Se conto o conto aqui é na esperança que alguém descubra quem é o autor e que lhe seja atribuída às devidas homenagens. O conto é o seguinte:
“Ele e ela se amavam, até que veio o meteoro”.
Pronto. Esse é o conto. Uma história de amor, com dois personagens, uma tra-gédia da boa ficção cientifica da catástrofe. É muito mais em apenas uma frase.
Adoro esse conto. Melhor do que os contos do Augusto Monterroso e bem me-lhor do que O Mensageiro do Julio Cortázar com trinta paginas.
Um dia eu descubro o nome deste autor mineiro, tão desconhecido para mim.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

DEUS ACREDITA EM MIM

Quando comprei um piano, meus dedos foram decepados num assalto. Quando minhas pernas foram amputadas, ganhei um carro na loteria. Quando comprei uma TV, tela plana de cristal, 90 polegadas, fiquei cego.
Não. Não acho que Deus tenha raiva de mim. Acho que ele tem muito senso de humor; diverte-se comigo.
Quando te encontrei me apaixonei, já estava velho e impotente. E ao declarar todo meu amor, você riu. Disse que eu era apenas um amigo.
Espero que Deus não saiba que adoro o perfume das rosas.

DORES DE PLUTÃO

Estou esperando o resultado da minha autópsia.
Quero saber que dor era aquela que doía não sei onde em alguma parte do meu corpo. Pois a alma e coração só doem nas metáforas dos poetas. Quando me espatifei no chão não senti nada, acho que morri de parada cardíaca entre o décimo e o oitavo andar.
Ela saiu de casa, dizendo que ia morrer atropelada. Voltou à noite ainda com sangue no vestido e reclamando do diretor do filme. Teve que repetir o atropelamento dez vezes. Pensei em fazer o mesmo. Mas voar do edifício atrapalha menos o trânsito.
Agora que as dores cessaram, descubro que a dor durante a depressão, não era o medo da invasão dos jacarés alados, mas sim a maior de todas as dores humanas. E meu medo da morte foi tanto que saltei para os braços dela.

BORBOLETA

Diante dos meus olhos
Voa a borboleta pequenina,
Tatuada,
Acima do montinho de Vênus.
Vai e vem
Na minha língua,
A borboletinha molhada
Estremece e goza.